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Atrasaaada, eu sei! hahaha! Mas o importante é que chegou, certo? O problema é que por causa de tantas novidades, acabei me enrolando com o conto – de novo! =p Mas é por um boa causa, né? *cofcofocaçado2cofcof*


Enfim, lá vamos nós! ^^



Conto 27 (conto de natal): Zack e Jessi

Autora: Vivianne Fair
 
 
Desta vez eu vou chegar cedo.
Não, espere…deixe eu reformular minha frase. Desta vez pensei que ia chegar cedo.
Bom, hoje é noite de natal e minha esperança era de que, desta vez, eu ia chegar a tempo para a missa do galo. Ano passado fui de salto, Zack acabou me atrasando – embora ele insista em me culpar dizendo que demorei demais – e fiquei em pé naquele salto a missa toda!
Claro, você pode me dizer – mas então por que ir de salto, Jessi? E eu vou te dizer a mesma coisa que digo para o Zack…
Será que chove hoje? Nossa, estou com uma fome…você não?
Espera, essa última frase eu nunca digo para o Zack. Vai que!
Zack estava sentado na minha cama, lendo meus emails. Por mais que eu gritasse para que saísse do computador, ele simplesmente dizia:
“Não…estou…mexendo, não.”
Aquela voz característica quando você está falando no telefone com a pessoa e ela começa a gaguejar ou ter longos períodos de silêncio porque está concentrada em algo no computador que é mais importante do que a sua conversa.
Saí maquiada, vestida e perfumada do banheiro.
– Jessi…uau!
– O que foi? – abri um sorriso largo – Estou tão bonita assim?
– Não, é que você nunca foi tão rápida assim.
– Bom, se não estou bonita, posso voltar para dentro do banheiro e levar mais uma hora – blefei. Por mais vontade que tivesse, desta vez eu planejava mesmo chegar a tempo.
– Não, pelo amor de Deus, você está uma deusa! Vai fazer Deus pensar que exagerou na sua criação. Vai tirar a atenção da missa; até eu vou ficar envergonhado.
– Foi seu melhor elogio até agora – sorri, satisfeita, mesmo sabendo que era pura mentira.
Eric estava sentado no batente da janela, tomando uma xícara de chá, olhando para além das nuvens.
– É muito feio mentir na noite de natal, mesmo que por uma boa causa.
– É isso, vou me trocar – resmunguei, voltando para o banheiro.
Eric me impediu, aparecendo de súbito na porta.
– Você está muito bonita, senhorita Jéssica. Não tão exageradamente como Zack diz, mas está.
Suspirei. Eric era o ser mais sincero da face da Terra, então é válido.
– Certo, vamos indo – calcei meus sapatos já reservados desde a compra de ontem – Zack, sem distrações. Temos tempo suficiente para caminharmos até a igreja tranquilamente.
– Nada de voar?
– Nada de…isso é uma outra piadinha? Seu biruta.
Eric passou na frente e nós o seguimos, ainda fitando um ao outro. Zack estava lindo com aquela blusa social leve e calças pretas. Eu tenho que penar para ao menos ficar apresentável ao lado dele. Meu vestido azul com detalhes em strass já não parecia tão lindo assim. Estava quase me sentindo uma porca fantasiada.
Zack sussurrou em meu ouvido quando Eric andou mais para a frente.
– Você está mesmo linda. Viu que não precisava demorar horas para se trocar?
Eu não disse nada, mas o canto da minha boca levantou em um meio sorriso.
– Eu dispensaria o salto, entretanto – ele acrescentou sem necessidade.
Eric respondeu mais para frente.
– Eu também.
No fundo eu também disse, mas não em voz alta.
“Daqui a dez minutos eu também.”
Passamos por Johnny no portão, que nos sorriu e desejou feliz natal. Acenamos e Zack prometeu-lhe um peru de alguma ceia que encontrasse pelo caminho. Johnny agradeceu, mas negou, dizendo que prefere comer a comida honesta da mulher, muito obrigado.
– Nem no natal você pára com as piadinhas.
– Só quis ser agradável.
Eric o fitou com o rabo de olho.
– Não quis, não.
Fui sorrindo pelo caminho. Faltavam poucos minutos para chegar e queria sentar ao lado da janela, já que Zack não poderia entrar e poderia fitá-lo para ver se estaria aprontando alguma. Se bem que devo dar-lhe algum crédito; ele realmente se comporta na noite de natal.
Tudo ia adoravelmente muito bem até escutarmos um grito. Os três pararam de súbito.
– Vocês ouviram isso?
– Os sinos? – desconversei. Aquilo não era hora de encrenca, oras! – Será que a missa começou?
– Foi um grito – meu vampiro sorriu de lado – E você também ouviu porque parou a caminhada.
– Que nada – comentei, fingindo endireitar alguma coisa no meu calcanhar – só estou endireitando a fivela do meu salto.   
Eric ergueu uma sobrancelha.
– O que eu falei sobre mentir no natal?
– Argh, vamos chegar atrasados!
– Jessi, que vergonha! Pode se preparar agora porque vou fazer um sermão de mais ou menos quinze minutos de porque devemos sempre ajudar o próximo principalmente no dia de natal.
– Era brincadeira. Estou ansiosa para resolver o problema antes da
missa!
Eric ergueu uma sobrancelha e fiz-lhe um sinal com a mão cortando o pescoço para ele calar-se.
Pensando bem, esse foi um péssimo gesto para alguém que não entende sarcasmos e curte a passagem para a outra vida.
Ele sorriu e senti o arrepio característico vindo do fim da espinha.
Zack correu para o fim da rua e segui-o o mais perto que conseguia com meus saltos novinhos.
Escutamos outros gritos e estremeci.
– Vem daquela casa – ele anunciou, diminuindo a velocidade – você também sentiu?
– Presenças… mas…você não disse que há uma trégua entre os vampiros nesta época do ano?
Zack assumiu uma expressão sombria.
– E deve haver – ele rosnou.
Pulando a cerca da propriedade, ele sequer esperou por mim. Estranhei, até Eric me explicar.
– Senhorita Jéssica, talvez seja melhor ficar afastada. Há certas coisas que enlouquecem Zack, e ser desobedecido é uma delas.
– Ridículo. Eu desobedeço as ordens dele o tempo todo. E ainda faço piada com elas.
– Sim, mas você não é vampira. E controlar milhares deles pelo mundo todo com certeza é uma tarefa árdua se alguns não o obedecem.
Engoli em seco. Algo me diz que Zack podia realmente perder o controle e imagina a minha responsabilidade…se alguém inocente se ferisse considerando que eu devia – aham – matá-lo.
Entrei na casa logo atrás de Eric. A porta estava aberta e o clima, que deveria ser festivo, estava obscuro. Haviam cinco pessoas encurraladas contra uma parede e quatro vampiros do outro lado. Zack estava entre eles e sinceramente… a contagem era muito injusta.
Zack dava conta dos vampiros e ainda de qualquer rato que houvesse no sótão.
O problema seria se algum inocente se ferisse. Isso ia causar um grande abalo na humanidade de Zack.
Ai, tudo eu, tudo eu.
Zack rosnava e os vampiros pareciam indecisos. Atacavam? Recuavam? Será que o mestre era tão forte quanto ouviam dizer?
– Olha, meninos – todos na sala viraram os rostos para mim – é o
seguinte. Apenas saiam, está bem? E vamos esquecer tudo isso. Verdade, Zack tem toda a razão de se sentir zangado, afinal, estão estragando um feriado muito importante e o aniversariante do dia vai ficar muito desapontado.
Eles se entreolharam.
– Não é a protegida do mestre? – um deles sibilou.
Eu neguei com a cabeça veementemente.
– Se eu fosse a protegida estaria entrando com tanta tranquilidade
assim? Claro que não, estaria totalmente protegida agora, provavelmente assistindo alguma missa – enfatizei a última palavra para indicar onde deveríamos estar agora. Ai, que bando de
vampiros chatos.
Os olhos de Zack ficaram vermelhos.
– Não precisa mentir, Jessi. Eles nem poderiam tocar em você.
A gente tenta ajudar e ferram com a nossa vida.
Um dos vampiros afastou-se do grupo e Zack lançou-lhe uma olhada gélida.
Ele ia matar os vampiros na frente daquela família. Sei que seria para
protegê-los, mas isso é jeito de passar o natal? Corri para o lado dele antes que qualquer um dos dois lados esboçasse uma reação.
O clima estava ficando pesado. Eric franziu a sobrancelha. Olhei para o relógio. Faltava ainda meia hora para a missa.
Os vampiros pareciam muito confiantes de atacarem famílias no dia de natal contrariando o mestre! Visualizando suas expressões, não pareciam estar muito arrependidos e sim, prontos para dar o bote, a não ser que…
Um deles estava tremendo. Foi só um vislumbre, mas vi os joelhos do menor baterem. Eles estavam arrependidos, mas o orgulho não os permitiria recuar. E Zack não parecia disposto a ceder.
É da raça, isso? Affe.
Olhei para a família. Era um casal, duas crianças e um senhor de idade. A criança menor agarrava a saia da mãe.
– E aí? O que você pediu para os ajudantes do papai noel? – eu disse, tentando amenizar a situação.
Ela me fitou de olhos arregalados.
Na verdade todos na sala me fitaram de olhos arregalados.
– Eles são ajudantes do papai noel?
– Bem, papai noel tinha muita gente para atender esse ano.
– Se eles são ajudantes, então acho que já sou um menino crescido demais para ganhar presentes. Manda eles embora?
– Bem, se esse é o caso, mando sim.
Zack me fitou de rabo de olhos e sussurrou.
– Que história é essa?
– Zack, temos que ser bondosos com todos na época do natal. Deixe-os ir embora.
– Mas…eles me desobedeceram…
– Zack, quer um sermão de mais ou menos quinze minutos
sobre o quão importante é fazer o bem – não importa para quem?
– Jessi, eu tenho obrigações…
– Zack, nesta época do ano, quando tantas pessoas fazem…
– Arre, tá, tá. Mas ainda assim, eles precisam compensar a família.
– Acho que não sugar o sangue deles é uma ótima opção.
Os olhos de Zack clarearam e os vampiros pareceram visivelmente mais relaxados. Então, ele fez um sinal para a família pedindo para que se sentassem. Eles se entreolharam, mas obedeceram.
– Bem vindos a mais uma cantata de natal. Perdoe-nos o susto, mas meu coral é estrangeiro e não conhecem seus costumes.
A família pareceu estar até aborrecida, mas muito mais aliviada. Os vampiros, contudo, travaram em seus lugares, acuados.
Zack pegou uma colher de pau que estava em cima da mesa e ergueu.
– Agora, acompanhem meu comando. Vamos primeiro cantar “Noite Feliz”. Daí vamos continuar nosso repertório de doze músicas antigas homenageando Nosso Salvador –  ele piscou para os vampiros – a não ser que meu coral queira receber a recompensa
antes da hora.
Eles tremeram visivelmente e tenho certeza que cogitaram se não era melhor morrer de vez.
As vozes começaram baixinhas, um deles desafinou, mas Zack manteve-se firme. Os caninos dele saltaram levemente da boca e ele sorriu sinistramente. Num passe de mágica, aquele se tornou um dos melhores corais que já vi. Até Eric sentou-se ao meu lado e aplaudiu algumas vezes.
Daqui a pouco, outras pessoas começaram a bater na porta e entrar. Vizinhos, outras famílias e percebi que os vampiros se empolgaram no canto. Teve até alguns solos.
Olhei no relógio: a missa provavelmente já estava acabando.
Depois dos cantos, Zack agradeceu e curvou-se, junto com os vampiros. Dispensou-os com um gesto de cabeça e faltou subirem uns pelos outros na fuga ao passarem pela porta. As famílias nos agradeceram e nos cumprimentaram, pedindo, por favor, que da próxima vez, nos apresentássemos antes de entrar daquela forma e que, definitivamente, o coral usar preto e dentes de plástico não era uma maneira agradável de começar. Zack agradeceu as dicas.
Quando estávamos já na rua, Zack bateu a mão na cabeça.
– Eita, a missa! Vamos correr!
Dei de ombros.
– Já acabou. Feliz natal, Zack!
Ele me abraçou e Eric apenas sorriu para nós.
– Deus deu a todos vocês uma dádiva muito grande; são poucos os que compreendem isso. É uma pena terem perdido a missa.
– Está triste, né, Jessi?
– Ah, bom, nunca perdi uma missa do Galo, desde pequenininha. Mas tudo bem, né? Fizemos uma boa ação, certo?
Zack me colocou no colo para minha surpresa.
– Feche os olhos, Jessi! Olha, eu vou te mostrar…como é belo este mundo…
– Pára! Você está cantando a música do Aladdin! Você não está pensando…
Quando ele pulou, eu fechei os olhos. Eu sei, a gente ia voar. Eu não abri os olhos por todo o caminho porque eu conhecia Zack e sei que brincaria dizendo que perdeu o equilíbrio, ou que não estava mais me aguentando no colo e íamos cair; esse tipo de coisa. Por isso permaneci paradinha por cerca de…dez minutos.
– Onde estamos? – eu me forcei a abrir os olhos quando senti que estávamos parados e meus cabelos não estavam mais voando ao meu redor destruindo meu penteado de forma que jamais meus cabelos voltariam a ser os mesmos.
– Em Phoenix – ele sorriu – a missa vai começar daqui a uma hora. Vamos?
Olhei estonteada para a frente do edifício na frente do qual estávamos parados.
– Uma igreja? E ninguém nos viu?
Ele deu de ombros.
– Bem, falta uma hora. Devem estar preparando as ceias. Assim você pode escolher o lugar que quer sentar.
Sorri de ponta a ponta.
– O fuso horário! São duas horas antes da Pensilvânia! Zack, você é demais!
Ele lançou um olhar engraçado para Eric, que se materializou ao nosso lado.
–  Não acho que Jessi vá se importar de chegar cedo agora – disse Eric, com sua voz sombria – Não vai fazer diferença se está em pé ou sentada considerando o motivo pelo qual ela queria chegar antes.
Olhei por cima do ombro, enquanto entrava na igreja e Zack se dirigia para alguma janela aberta do lado de fora, de onde poderia assistir a missa sem ser transformado em cinzas.
– Do que está falando? Eu não queria ficar em pé, lembra?
– Bem, mas seus pés não vão doer mais.
Olhei para baixo. Bem que notei que estava muito confortável.
Estava sem salto. Totalmente descalça.
Zack tinha razão. Eu ia mesmo chamar bastante atenção na missa.   
Acabei sentando com ele do lado de fora, resmungando. Ele passou o braço em volta dos meus ombros e murmurou.
– Feliz natal, Jessi.
– Feliz natal, Zack…    
 
 
 
 

 

 Vivianne Fair
 
 

Espero que tenham gostado! ;D 

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Sobre o Autor

Vivianne Fair
Vivianne Fair

Autora de diversos livros premiados tais como O Legado do Dragão, Quem precisa de heróis? e a trilogia A Caçadora. Gosta de inventar coisas para fazer e ama ler (obviamente)!

11 Comentários

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  1. Ahhhh!!! Cadê meu comentário???
    Sumiu?!
    Eu aqui dizendo que amei o conto e que me diverti muito e o comentário desaparece!!
    ** Respira e pensa no clima natalino**
    Bom, enfim… Deixa pra lá!!!
    O que importa é que esse agora foi!! hehehe
    Beijos
    Camis – Leitora Compulsiva

  2. HaHaHa Ri muito com os vampiros cantores e que alguns até arriscaram uns solos o/
    Amei o conto Vivi, divertido e matou minhas saudades do Zack e da Jessi também <3

    Beijos

  3. Feliz Natal Chefa!!

    aaaah eu li a musiquinha do Alladin no ritmo involuntariamente kkkkkk' adorei!
    Agora, um coral de vampiros foi o máximo, hahaha Zack vc é demais! <3

  4. kkkkkkkkkkkkk Feliz Natal Chefaa
    Esse Zack zoa até Aladdin, provavelmente a Jessi não se sentiu como uma princesa…
    Larissa

  5. Aline: Feliz natal!! ^^ Aai, que alívio que gostou, Aline! Tava tão sem inspiração! rsrs beijos!! ^^

    Ly: Feliz nataaal! ^^ heueheuheue, ela tava com tanto medo que nem viu os sapatos voando..XD hahahahaha, acho que Jessi passou dificuldades demais pra deixar isso barato, hein? Beijoos! ^^

    May: Feliz natal! XDD Aah, que bom, may! Fico super feliz que tenha sentido isso, de verdade! <3 Beijoos! ^^

  6. Feliz Natal, HOHOHO!
    Este ano, eu estava sem nenhum pingo de espirito natalino. Até ameacei trucidar alguém na noite de Natal…. Mas o conto foi super engraçado e, por incrível que pareça, me trouxe a sessação boa que vem com o Natal.
    Beijos, May.

  7. Feliz Natal, Diva!

    Olha, depois fazia ele me pagar outra Melissa, mas ficaria agradecida! xD

    Gente, com esses contos tenho mais vontade ainda de casar logo com o Zack! Assim não é justo!

    Beijos, Diva!
    ~-Lyoko

  8. Feliz natal atrasado, Chefa!
    Que lindo! Adoro o espírito natalino.
    Nem preciso dizer que adoraria ver esse coral improvisado de vampiros.
    Adoro esses momentos entre a Jessi e o Zack.
    Adorei o conto de natal! Ficou ótimo mesmo.
    Aline Silva

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